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Marina vai ao Acre para votar

Foto: Thays Cabette, Marina vai ao Acre para votar (do site: http://www.minhamarina.org.br)

Marina Silva, a candidata à Presidência da República que em 2010 levou as eleições para o segundo turno, com mais de 20 milhões de votos, como sempre arrasa!

Em seu artigo, destaca a importância estratégica do meio ambiente: está no núcleo das decisões onde aspectos econômicos, sociais, ambientais e culturais são indissociáveis. É necessário pensar em todos esses termos enquanto modelo de desenvolvimento.

Diante da gravíssima crise do aquecimento global, Marina ressalta na importância de buscar o que há em comum entre diferentes correntes de interesses. E a nossa própria sobrevivência e a do nosso planeta são aquilo que melhor representam esta identidade.

Países, instituições, empresas e indivíduos dependem agora da capacidade de adaptação e da revisão de conceitos. Agora só há lugar para economias sustentáveis e tecnologias limpas. Imagino que ela se refere a um Darwinismo econômico: só sobreviverão as espécies mais adaptadas ao novo ambiente.

A população está atenta e mais exigente, quer saber se um produto causa danos ao meio ambiente. “E exige ética do mercado e do poder político”: pressiona para mudar a lógica do modelo de desenvolvimento destrutivo. “Preservar o meio ambiente não é mero romantismo”.

E as empresas já sabem que sem sustentabilidade, o lucro não será o mesmo. É necessário adotar um novo código de inserção social e ambiental (observei que marina sempre respeitou a ordem de citação “social” em primeiro lugar, não esquecendo a importância da dimensão humana do problema).

Marina ressalta o maior obstáculo às mudanças estruturais requeridas: a resistência do poder político ao desejo popular. Priorizam o crescimento rápido e fácil aos compromissos assumidos (se é que muitos dos políticos assumem verdadeiramente algum compromisso com o bem comum, penso eu). Mas os políticos mantêm a retórica em favor da preservação da natureza.

Cita o retrocesso no Congresso Nacional, no tocante ao Código Florestal Brasileiro: o suposto confronto entre meio ambiente e produção agropecuária.

E conclama a população a cobrar dos políticos uma revisão de seus conceitos, para que não tragam retrocesso à legislação ambiental.

rio de sangue.ai

Por coincidência, assisti um documentário sobre Tim Butcher, autor do livro “Rio de Sangue” (Blood River), em que a dimensão humana é confrontada com a dimensão ambiental. Aborda a desastrosa colonização do Congo pela Bélgica, entre os séculos XIX e XX. A ganância pelo marfim, borracha, minérios e outras riquezas da África levaram a uma devastação ambiental assombrosa. Mas uma entrevistada chama atenção para algo que poderia passar despercebido: enquanto muitas horas de documentários foram dedicadas à destruição do habitat e eliminação dos gorilas daquele país, muito pouco se divulgou do genocídio e sofrimentos daquele povo que, ainda hoje, é afligido pelos gravíssimos efeitos da devastação ambiental imposta pela cobiça da civilização ocidental.

Mas a importância da dimensão social não passou despercebida no artigo de Marina Silva, enquanto elemento essencial do processo decisório relativo à gestão da sustentabilidade.

Leia a íntegra do artigo de Marina Silva: Uma evolução silenciosa, Revista Veja, edição especial sustentabilidade, dez/2010

Hoje fiquei feliz ao receber uma edição especial da revista Veja, inteirinha sobre Sustentabilidade. Apenas comecei a ler.
Embora preocupantes algumas revelações sobre a (In)sustentabilidade do planeta Terra, dados os padrões de consumo atuais, penso que os 1,2 milhões de exemplares da revista, lidos por formadores de opinião que usualmente não estão em contato direto com a temática, poderão produzir um importante impacto positivo sobre os debates a respeito do tema.

Não que devamos adotar sem ressalvas as opiniões expressadas pois, à primeira vista, alguns pressupostos parecem um tanto otimistas, distantes da realidade.

Isto exigiria consciência e comportamentos hoje inexistentes, para a maioria das pessoas em todo o mundo, mesmo entre as pessoas com elevada escolaridade. Além do mais, seria necessário que outros não crescessem como nós (Veja o artigo: Crescimento sustentável? Não, obrigado.).
Além de decisões de investimento contrárias às práticas globais de indústria e comércio, quando via de regra se adota a solução mais econômica e não aquela que, embora mais cara, é melhor para o meio ambiente.

Algumas revelações do primeiro artigo, assinado por José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Ence/IBGE:
1) a Terra tem 7 bilhões de habitantes em 2010, possui 13 bilhões de giga-hectares produtivos, sua população ostenta um consumo que iria requerer um planeta com 18 bilhões de gha, de modo a não comprometer o ambiente nem as necessidades das gerações futuras;
2) Ou seja, já extrapolamos a capacidade de regeneração do planeta!
3) No padrão de consumo europeu e norte-americano, o planeta Terra é ainda mais insustentável. Este é aproximadamente cinco vezes maior do que o consumo dos africanos, numa unidade que ele chama de “pegadas ecológicas” (Veja aqui o tamanho da sua Pegada Ecológica!);
4) Até 2050 a Terra terá até 10bi de habitantes e o PIB deve crescer 3,5% ao ano. Logo, o consumo aumentará.

Pergunta-se, então: O que será do Planeta?

Segundo a matéria da Revista Veja, para retornarmos à sustentabilidade do Planeta existente em 1976, teríamos de reduzir o consumo em 33%, nos próximos 20 anos.
Isso exigiria não só uma revolução tecnológica, para aumento de produção e produtividade, sem comprometer ainda mais recursos. Exigiria uma verdadeira revolução comportamental, no tocante ao uso dos recursos, interações com o ambiente e, principalmente, quanto aos hábitos de consumo.
Será que o povo topa?
Eu penso que a tecnologia pode até multiplicar a produção, sem aumentar a área explorada. O problema é convencer as pessoas a não se multiplicarem!
Se aqui no Brasil ainda temos cerca de 50% de analfabetismo funcional, imaginem em países mais pobres! Não é nada fácil conseguir tal revolução em um mundo como este. Penso que dias difíceis virão. Quanto antes arregaçarmos as mangas, melhores serão as nossas chances.
E que os temas preservação e sustentabilidade entrem definitivamente no debate global.
Edição Especial sobre Sustentabilidade da Revista Veja

Veja uma discussão detalhada sobre matéria da edição em:

O Crescimento econômico brasileiro em ritmo chinês é compatível com a preservação ambiental?

“O especial, que usará papel 100% certificado, traz uma novidade: será totalmente impresso em tinta à base de óleo vegetal. Trazendo em seu cardápio editorial temas como as empresas que ganham dinheiro trabalhando de forma sustentável, fontes de energia alternativas, artigos de líderes internacionais, pontos abordados na COP – Conferência das Nações Unidas, dentre outros. VEJA Sustentável terá distribuição gratuita para assinantes e venda em bancas, livrarias, revistarias e redes de supermercados.”