Nesta foto panorâmica que postei no Flickr, temos uma rara visão de dois arco-íris sobre o Parque da Jaqueira em Recife/PE, num dia de chuva e sol. Algumas gotas pingaram sobre a minha objetiva, mas foi por uma boa causa.

*Parece a bandeira de Pernambuco? Imortal na imagem e em nossas mentes, fugaz como o tempo.

Da minha Janela, arco-íris (From my Window, the rainbow)
(Clique na foto para conhecer minha galeria de fotos no Flickr)

É o verde lutando contra o concreto, sobrevivendo teimosamente. É ele quem possibilita tais fenômenos. No passado, ouvíamos mais trovões em Recife e Olinda, as chuvas eram mais regulares, a vida se multiplicava tremendamente com as chuvas, por todas as partes. A vida era mais saudável sob diversos aspectos, afirmação que não ignora os avanços decorrentes do progresso científico e tecnológico, nem o aumento da esperança de vida (veja abaixo o conceito de saúde).

Áreas verdes como estas são cada dia mais raras, e devemos lutar não só para preservá-las, mas sobretudo para ampliá-las. O concreto embrutece, o verde enriquece e faz nossas vidas valerem mais a pena.

Já morei no Rio de Janeiro e em São Paulo. E Recife está ficando (ou já ficou) com os mesmos problemas dessas grandes cidades: violência, estresse, um ambiente desfavorável à vida saudável. E saúde, como me ensinou um sanitarista, é “Viver Mais e Melhor”. Não basta “Viver Mais”. Tem que ser Melhor, também. E é difícil conseguir isso com todos os problemas e todas as preocupações que a cidade grande traz. Basta experimentar uma viagem por lugares naturais como praia ou campo, e ver como retornamos revigorados. Quanta diferença com a vida puramente urbana.

Cada vez nos distanciamos mais de nossas origens naturais. Passamos a considerar naturais os adensamentos populacionais patológicos e toleramos o ambiente feio, cheio de fios, de outdoors, de pedras, com poluição do ar e das águas, com poluição luminosa… Já não se vê nos céus das grandes cidades o que as pessoas de interiores mais distantes ainda vêem: galáxias, nebulosas, muitas vezes a olho nu. Poluição sonora… estresse, irritação… E não entendemos o motivo das pessoas se tornarem cada vez mais irritadas, frias, desconfiadas, intolerantes. É um ambiente inóspito, impróprio para a expressão de muitas das melhores qualidades dos seres humanos.

E a foto escolhida nos lembra que a cidade pode ser mais bonita, mais natural. Em Recife, felizmente, o atual prefeito decidiu reservar uma nova área que seria destinada à construção de um centro comercial para ser um parque natural, no caso, o Parque da Tamarineira, mais verde para o recifense!

Polêmicas à parte, relativas às possíveis vantagens de um centro de compras (sempre o consumo!), sobre mais renda, mais emprego, mais riqueza… Nenhum modelo de desenvolvimento que pressupõe a necessidade de crescimento continuado como condição para o bem-estar social e desenvolvimento humano é sustentável. Além de ser perverso e auto-destrutivo.

O nosso ambiente tem uma capacidade de suporte limitada (capacidade de suporte é um conceito bem conhecido da Biologia Populacional: é quanto o ambiente pode sustentar em quantitativo de certa população. Próximo e acima deste limite surgem ou se tornam mais frequentes certas patologias que afetam severamente as populações. Há doenças que só persistem com elevadas densidades populacionais. As consequências são doenças, custos impagáveis, mortes. Ninguém pense que cenas como a da peste na idade média não podem voltar a ocorrer. Basta uma guerra ou uma catástrofe natural. E isto ocorre sempre, mais dia, menos dia.

É típico dos países subdesenvolvidos concentrarem a maior parte de suas populações em grandes cidades. Por isso, na minha opinião, parabéns ao Prefeito João da Costa pela corajosa decisão de não seguir os interesses exclusivamente econômicos ou quaisquer outros, que não a saúde das pessoas e do ambiente.

Não é exagero a fábula do filme “Onde está Wall-E?”. Os seres humanos expulsos do próprio planeta por eles envenenado, vagando por séculos numa espaçonave, até que um dia a vida volta a ser possível naquele lugar. Começar tudo outra vez. Quem sabe seguindo outro modelo de civilização. O preço foi alto, embora já não mais lembrassem o que era a vida como fora concebida pela natureza, tão acostumados estavam com o exílio no espaço. Mal podiam sustentar seus corpos obesos com esqueletos atrofiados, dada a falta de atividade física. Nem sabiam mais o que era interação social, com outro ser humano de verdade.

Que nós reflitamos e dediquemos maior atenção a questões como estas. O motivo? Imagine o arco-íris e o parque cheio de árvores e pássaros que você pode ter em sua janela. E o cheiro do ar puro que você pode respirar. E toda a vida e convivência de qualidade que podem existir nestes espaços.

Não esqueçamos: “Saúde é viver Mais e MELHOR”.

*PS: um colega chamou a atenção que a foto tinha até um quê da bandeira de Pernambuco, o que eu não tinha notado.  Uma bandeira natural com um toque urbano.

Summary

In this panoramic view, a rare vision of two rainbows, one stronger than the other, at jaqueira park in Recife/PE, Brazil, in a rainy and sunny day.
It is the green fighting against the concrete, surviving willfully.
Green areas as these are rarer today, and we should fight not only to preserves them, but above all to enlarges them.
The concrete brutalizes, the green enriches and makes our lives worthwhile.

comentários
  1. Rozélia Bezerra disse:

    Meu amigo Lima Jr…tudo é tão, mas tão bonito e perfeito que não parece real…Deus do céu…

  2. antoniolimajr disse:

    Pois é minha amiga, mas é real, não foi inventado com Photoshop não. Verás outras imagens que podemos capturar se estivermos atento ao mundo em nossa volta! Beijão.

  3. Olá Toninho. Muito bela a foto. E muito sábio seu texto. Parabéns! Somos seres ainda muito pouco evoluídos para conseguir captar e adotar essas suas idéias. Mas é um sonho válido.
    Muita paz!
    Alberto Valença.

  4. Adriana Bezerra disse:

    Parabéns pela foto, Antônio, belísima! Ela revela mais do que as lentes da câmara que produziram, revela as lentes dos seus olhos que captam com sensibilidade e poesia o seu entorno.
    Abraço!

  5. cristina valença lima disse:

    Oi toninho, vc não existe mesmo. Lindíssima foto e inciativa de sensibilidade e preocupação em registrar cenas e situações que relaxam a mente e o estresse do dia-a-dia. Esmero e competência são algumas marcas suas. saudações e parabéns p/ inciativa e compartilhamento,ninha.

  6. Tomoe Noda Saukas disse:

    Duarte,
    Parabéns não só pelo blog, com esse texto maravilhoso, e pela foto belíssima, que uma sensibilidade pode captar, mas principalmente por manter esse seu espírito de se preocupar com o bem estar das pessoas, de toda uma população, que sempre foi sua marca registrada. Fico feliz em ver que o Duarte que conheci, um jovem com grande potencial, está cada vez melhor, não só profissionalmente, mas como pessoa, e que a pureza, lirismo, preocupação com a sociedade e justiça não desapareceram, mesmo com sua árdua jornada de trabalho. Um grande abraço com carinho. Tomoe

    • antoniolimajr disse:

      Puxa Tomoe, você não sabe como me toca ouvir as suas palavras de carinho e conforto.
      Aliás, você tem o dom de fazer brotar em mim os bons sentimentos e virtudes que não raramente ficam ocultos em cada um de nós, talvez à espera de um bom semeador. O verdadeiro artífice divino.
      Muito obrigado.

  7. Tomoe Noda Saukas disse:

    Duarte,
    Acabei de ver sua galeria de fotos.
    Impressionante. Já conhecia sua veia artística nas pinturas, agora se revelando tb como fotógrafo!
    Parabéns. Tomoe

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